Reprodução
Cartaz do filme 'Conduzindo Miss Daisy', de 1989, que retratou o conflito de uma idosa que não podia mais dirigir seu próprio carro (Foto: Reprodução)
No clássico filme "Conduzindo Miss Daisy", de 1989, uma mulher idosa não tem mais condições de dirigir seu próprio carro. Preocupado com a situação, seu filho a convence a contratar um motorista, e a decisão de empregar alguém para a tarefa não aconteceu sem maiores conflitos. Na vida real, bem longe da ficção, decidir quando chegou a hora de abandonar o volante também é uma questão delicada, que extrapola a questão da idade.
O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) não estabelece uma idade limite para a renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A única diferença para os idosos é que, pela lei, o exame de aptidão física e mental, fundamental para a renovação do documento, deve ser realizado a cada três anos para condutores maiores de 65 anos. Para os demais motoristas, o período de renovação dos exames é de cinco anos.
Se a idade não é o limite, como saber quando é hora de abandonar o volante? Vai depender da saúde e da disposição do condutor.
"Não existe uma idade determinada a partir da qual não se pode mais renovar a CNH. A decisão final é tomada pelo médico que avalia o idoso durante os exames de aptidão", explicou José Montal, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) e especialista nessa área.
Motoristas aos 90 anos
De acordo com o diretor da Abramet, se o idoso tem a saúde em ordem e não tem problemas de cognição, ele está apto a dirigir, sem riscos para si e para a sociedade.
"Jovens são muito mais 'perigosos' ao volante que os idosos", brincou Montal. "Mas os idosos são mais frágeis e resistem menos às colisões", explicou.
"Ultimamente, no entanto, tem havido ganhos nesse sentido. Há idosos que dirigem com até 90 anos. Tem muitos avôs e avós que ainda dirigem, e com muita responsabilidade", contou Montal.
Marcelo Goldman, diretor-executivo de automóveis da AGF Seguros, concorda com Montal. "Os idosos têm uma direção mais cuidadosa, andam em uma velocidade mais baixa do que os mais jovens e estão também menos expostos. Isso porque eles passam menos tempo ao volante do que alguém de 35 anos e, muitas vezes, têm alguém que dirige para eles", contou.
Por conta disso, os seguros de carros para idosos costumam ser um pouco mais baratos, como explicou Goldman. "De modo geral, idosos pagam um pouco menos no seguro do veículo. A partir dos 55, 60 anos, eles já têm um desconto maior no valor total. Existe um mito de que os idosos perdem o reflexo e têm mais dificuldade para dirigir. Mas para o seguro isso não se comprova muito", afirmou.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 8,5 milhões de pessoas com mais de 70 anos no Brasil atualmente, o que representa 4,5% da população. Desse número, 950.402 motoristas têm entre 71 e 80 anos, e, acima dos 80 anos, são 199.365 condutores, segundo os dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Fonte: G1.
